O meu coração Templário

12/05/2020

No início da fundação do movimento templário quando a ordem ainda tomava grandes proporções por toda a Europa e cada vez mais se consolidava como uma Ordem Religiosa de Cavalaria, foi criada uma hierarquia entre seus membros para se estruturarem as divisões dos trabalhos e a missões a serem cumpridas.

O escudeiro era aquele que postulava um dia se tonar Cavaleiro Templário Oficial, cada cavaleiro tinha dois ou mais escudeiros a sua disposição, no qual ficava responsável por lhe repassar certos ensinamentos exotéricos e servir-lhes de exemplo para que os mesmos se espelhassem. Os escudeiros tinham como atividades, cuidar do entorno do cavaleiro, eram eles que cuidavam dos cavalos, das vestimentas, das armaduras e armamentos, cabia ao escudeiro também as atividade da casa como limpeza, cultivo de plantas para alimentação dentre outras. Geralmente eram admitidos acima de 12 anos no qual permaneciam como escudeiros até completarem maioridade para serem iniciados cavaleiros, além destas atividades citadas eles também recebiam ensinamentos avançados para a época, que hoje é tido como ensino básico mas que na época era restrito a poucos ( ler, escrever, fazer contas de matemática, geometria, geografia e história) isso sem falar na rigorosa disciplina monástica sobre os ensinamentos religiosos.

Imagino que o escudeiro na idade média ficava admirado e sentira orgulho ao ver o seu cavaleiro em ação partindo para as batalhas, para defender as coisas "sagradas" pois os cavaleiros eram tidos como soldados de Deus na terra, assim como as crianças ficam hoje admirados ao verem um "super-herói" um postar, afinal o cavaleiro era a sua referência e tornar-se um era o seu objetivo de vida, imagino ainda que os escudeiros sentiam em seus ombros desde novos o peso da responsabilidade pois, cuidar do cavalo, preparar as vestimentas e todo aparato do cavaleiro era o primeiro passo para o sucesso da ação de um Templário.

Quando eu fui admitido em abril de 2012 como escudeiro na ordem do Templo eu também era assim, porém em um contexto de mundo diferente, olhava os cavaleiros e sempre imaginava "O que será que eles sabem que eu não sei?" "Será que um dia eu serei aceito como um soldado de Cristo? isso era impossível pois eu não apresentava todas aquelas virtudes necessárias para ser um cavaleiro. Hoje como cavaleiro e Grão Mestres olho para trás e vejo a importância de se viver a escuderia do Templo, pois é o período de preparação para se tornar um cavaleiro, é o início de uma vivência embora mesmo que superficial é necessária, afinal ninguém ingressa em um lugar sem saber do que se trata.

Lembro que me fora dito que o manto negro do escudeiro simbolizava as trevas que eu deveria enfrentar até me tornar digno de usar o manto branco, eu ficava imaginado que trevas deveria enfrentar? Só depois de um certo tempo que descobri que as trevas na qual eu deveria superar era "eu mesmo" e que o meu maior inimigo não é o opositor a mim e sim "eu mesmo" e este meu irmão é o pior inimigo pois ele habita dentro de nós, como aquela velha história: "Todos nós temos dois lobos dentro de coração, um negro e um branco, o bem e o mal, o ódio e o amor, e qual deles estamos alimentando?" Ser escudeiro é ser um eterno aprendiz, é ser uma criança que aprende todos os valores. Ser escudeiro é ser o solo a ser preparado para receber a semente do Espírito Santo para que frutifique. Que Deus permita que eu seja um eterno escudeiro do Templo, independente de qual posição eu esteja meu coração é sempre um coração de escudeiro....


Fr+++ Luiz H. T. Chaves
Grão-Mestre S.O.T.I.