Eu realmente sou um Templário da SOTI?
Amados Irmãos e Irmãs da Supremus Ordo Templi Internationalis (Soberana Ordem Templária Internacional - Pobres Cavaleiros de Cristo), gostaria de compartilhar com os irmãos da ordem e aos que acompanham os trabalhos uma reflexão pessoal sobre o que é ser um Templário? O que é ser um monge e guerreiro ao mesmo tempo nos dias de hoje? A espiritualidade proposta por São Bernardo de Claraval é aplicável nos dias de hoje? Então analisemos os grupos templárias atuais e o mais difícil analisemos sinceramente nossos próprios corações.
A espiritualidade Beneditina reformada pelos Cistercienses chegou a Ordem do Templo através de São Bernardo de Claraval que propôs uma nova regra a Ordem dos Templários (Pobres Cavaleiros de Cristo), esta regra consistia na dualidade do humano em busca do Divino, ser ao mesmo tempo um homem guerreiro e um monge espiritual, a união da força humana com a força espiritual, assim o Templário seria um monge-guerreiro, um perfeito soldado de Cristo. O postulante que seguisse os caminhos da Ordem do Templo seria um verdadeiro guerreiro e um verdadeiro monge, deveria estar disposto a lutar pelas "causas externas do Cristianismo" e também pelas "Causas internas do Cristianismo".
As causas externas consistiam em defender a Igreja de Jesus Cristo contra todos os inimigos da cruz, protegendo os locais sagrados e a Terra Santa. Já as causas internas consistiam em lutar consigo mesmo contra todas as suas imperfeições, pecados e tentações, um verdadeira lapidação diária, aplicar e vivenciar o Evangelho de Jesus em sua vida e de uma forma especial o Evangelho de João. Assim o Templário era um verdadeiro "Guerreiro da Luz", ele travava diariamente uma dupla batalha, uma externa e outra interna.
Nossos irmãos templários do passado viviam reclusos em seus mosteiros/castelos e sob rigorosas regras e votos como o celibato e a pobreza. Podemos perceber que o Cavaleiro Templário então vivia em uma constante luta sem fim, uma luta diária, 24 horas por dia, todos os dias de sua vida, pois quando não estavam em campo de batalha lutando pelas causas externas de Cristo, estava lutando consigo mesmo contra as causas internas que o impediam de encontrar com o Cristo em seu coração, e essa batalha interior é muito mais dolorosa do que a batalha exterior.
Eu as vezes fico imaginando o quanto nossos irmãos do passado eram bem treinados para sair vencedores destas duas batalhas, se por um lado no passado a batalha interna parecesse ser um pouco mais fácil que a batalha externa, pois na época passada viviam isolados em seus castelos e com votos que o permitiam se desprenderem dos prazeres humanos e materiais, não ficando assim expostos aos locais promíscuos ao pecado. Era necessário um grande preparo físico e espiritual, treinar o corpo e a alma, pois só assim sairiam vencedores, e não adiantava somente o preparo do corpo, pois sabiam muito bem de que nada valia ganhar o mundo e perder a alma. Eram totalmente desapegados do ego e da vaidade humana pois tinham em seus corações o objetivo maior que era "alcançar a Jerusalém celeste, ou seja, entrar no reino de Deus através de seus corações".
Hoje os Templários atuais não fazem mais os votos de pobreza e celibato, e nem vivem mais isolados em seus castelos com rigorosas horários e disciplinas e sim inseridos em suas comunidades e constituem famílias, não há mais batalhas armadas para defender, apenas a defesa da fé Católica. Nosso maior obstáculo hoje é a luta interna que parece ser pior que na idade média, pois como não vivemos mais reclusos e sim dentro das comunidades estamos expostos e somos tentados a todo momento pelos prazeres mundanos e pelas vaidades materiais. Se antes a luta externa parecia maior que a luta interna, hoje esse quadro se inverteu. A luta interna é infinitas vezes maior que a luta externa, o que nos exige maior dedicação e esforço, para vivenciar as virtudes teologais e as virtudes cardinais (Fé, Esperança, Caridade, Justiça, Prudência, Fortaleza e Temperança). Os tempos modernos parece nos exigir ser mais monges do que guerreiros.
E os movimentos Templários que existem hoje em dia e buscam preservar o legado dos antigos monges-guerreiros realmente preservam esta espiritualidade que foi proposta por São Bernardo? O que notamos é uma luta e disputa de ego e vaidade, lutam para serem donos de uma sigla, lutam para serem donos de papeis velhos que nem sempre sabemos da veracidade dos mesmos. Preocupam com todas as aparências externas da ordem, os belos mantos, as medalhas, os diplomas, etc etc... Entram em guerra contra seus próprios irmãos por cargos e status. Isso é ser Templário? O que faz o monge-guerreiro proposto por São Bernardo de Claraval não e o que se aparenta por fora e sim pelo que se aparenta por dentro, o verdadeiro Templo é o nosso coração e não uma sigla ou a patente de um nome.
Ser um Templário da Supremus Ordo Templi Internationalis (Soberana Ordem Templária Internacional - Pobres Cavaleiros de Cristo) é ser um verdadeiro monge e guerreiro e assumir a preservação de um ideal proposto por São Bernardo de Claraval aos Pobres Cavaleiros de Cristo no passado. É necessário estar muito acima destas meras disputas mundanas, ser um Templário da SOTI é encarar a sim mesmo independente de seu cargo e ter a coragem de morrer para este mundo material (de falas aparências) e abraçar as causas espirituais (o reino de Deus anunciado por Jesus), defender a fé Católica acima de tudo e de todos, ser um Templário da SOTI é morrer todos os dias se preciso for e ressuscitar em Cristo pelas batalhas internas do coração renascendo mais forte e mais próximo de Deus. Meditemos sobre estas palavras.
Fr+++ Luiz H. T. Chaves
Grão-Mestre S.O.T.I.